02/10/2009

O papel da Mídia que veiculou tanto apoio como critica na Ditadura Militar

Para se conhecer melhor o que foram os anos de chumbo (a Ditadura Militar), sem dúvida, é relevante lembrar o papel da mídia. A maior parte da grande imprensa brasileira cerrou fileiras ao lado dos golpistas, passando por cima das pesquisas de opinião pública que apontavam grande apoio popular às reformas de base que o presidente constitucional tentava levar adiante. Os resultados dessas pesquisas feitas pelo IBOPE, indicando total apoio a Goulart foram omitidos e só revelados mais tarde. Antes de 1 de abril de 1964, os principais jornais, de O Globo, JB e a Tribuna da Imprensa, passando pelo Correio da Manhã, Diário de Notícias e pelos órgãos dos Diários Associados de Assis Chateaubriand, pregavam o golpe abertamente. Alguns, como o Correio da Manhã, uma semana depois da deposição do Presidente constitucional, se arrependeram. A Tribuna da Imprensa deu uma guinada de 180 graus, passando pouco tempo depois a fazer oposição e sendo o jornal diário que mais tempo sofreu a ação da censura. Vale o registro histórico do jornal Última Hora, de Samuel Wainer, que sempre esteve ao lado da legalidade democrática e por isso foi perseguido até ser sufocado economicamente, como o Correio da Manhã.



O Globo pode ser considerado o recordista em termos de apoio ao regime militar. Enquanto o arrependido Correio da Manhã enfrentava pressões econômicas por sua oposição à ditadura, vindo inclusive a fechar as portas lá pelo início dos anos 70, as Organizações Globo foram recompensadas a altura, não só nacionalmente, engordando na estufa da ditadura, como a nível internacional, via grupo Time-Life, que possibilitou o surgimento da TV Globo. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito, que acabou em pizza, apresenta as provas desse ilegal conluio. As Organizações Globo (seja a TV ou o jornal e mesmo as rádios) eram tão a favor, mas tão a favor dos militares, que muitos as consideravam com uma espécie de Pravda da imprensa brasileira, numa alusão ao órgão oficial do Partido Comunista da União Soviética. O Globo em 68 deu todo apoio ao AI-5, o golpe dentro do golpe que levou o Brasil ainda mais para a direita. Só mais tarde, da mesma forma que os ratos quando abandonam os navios prestes a afundar, os veículos de Roberto Marinho aderiram à “democracia”.

A imprensa internacional de uma forma geral não publicavam muitas notícias sobre o Brasil. O Brasil era na época um país cuja economia nacional era protegida por inúmeras leis protecionistas e os produtos importados eram muito poucos e muito caros, devido aos altos impostos. A reserva de mercado para a informática era questionada pelo governo estadunidense e frequentemente era citada na imprensa brasileira e na TV. Diversos políticos e empresários defendiam esta lei.

O Brasil era apenas citados pelos seus atletas de futebol jogando em clubes europeus ou pela ação de algum evento natural, como chuvas intensas, etc.

Eventualmente o pais era citado pela pelas torturas feitas por policiais, pelos massacres geralmente atribuídos a disputas de drogas entorpecentes, pela alta taxa de assassinatos. Os menbros da Igreja Católica ligados a Teologia da Libertação divulgar no exterior as chacinas, os desaparecimentos, as perseguições políticas, os sequestros, etc.

Nesta rápida pincelada sobre a mídia nos anos de chumbo, não se pode esquecer o importante papel exercido pela imprensa alternativa em veículos como a Folha da Semana (o primeiro da série de jornais contra a ditadura), O Pasquim, Opinião, Versus, Movimento etc. Tudo isso pertence à história, que por mais que alguns não queiram, está sendo escrita de forma independente com verdades irrefutáveis.


Raimundo N. da Silva Junior: aluno do 3º período de Jornalismo da Faculdade R.Sá

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